Com base em todos os conhecimentos obtidos ao longo da investigação sobre a temática, foi feita uma pesquisa survey exploratória com docentes do curso de Sistemas de Informação da UNEB. Esta pesquisa foi feita com 9 professores do corpo docente do curso de Sistemas de Informação da UNEB, o que representa aproximadamente 70% dos docentes do colegiado.

Com isso, foi feita uma aplicação de um questionário online em duas partes para estes docentes. Na primeira parte foi dada uma lista de estratégias de ensino (elencadas durante o processo investigativo), onde os respondentes deveriam marcar quais destas eles “Conhecem”, “Já usou” e “Acha Pertinente”. Na segunda parte, uma pergunta aberta que questionava se o respondente já havia utilizado outra estratégia, fora as citadas na primeira parte. Caso tivesse utilizado, solicitava para escrevê-las naquele espaço. Na imagem abaixo, é possível visualizar a estrutura do formulário.

A princípio, foi feita uma análise quantitativa que lista as estratégias mais conhecidas, mais utilizadas e as mais pertinentes, como é possível visualizar na tabela 1 a seguir.

A tabela 1 também elenca o quantitativo de respostas dos docentes acerca de cada uma das estratégias elencadas. Identificamos que a estratégia mais conhecida, por 89% dos respondentes, foi a Leitura de Texto. A Aula Expositiva Dialogada, o Seminário e o Workshop foram estratégias apontadas como pertinentes por todos os docentes que responderam o questionário. A estratégia menos conhecida foi o portfólio, com cerca de 20% dos docentes, seguida do Mapa Conceitual (30%) e Sala de Aula Invertida (40%). Estes resultados podem ser ilustrados, também, em forma de gráfico, como é possível visualizar a seguir:

Além disso, outras análises imediatas puderam ser feitas sobre a tabela 1. A primeira se refere à estratégias não pertinentes. Ao fazer uma análise individual das respostas dos docentes, foi possível identificar a existência de estratégias que foi marcada como conhecida mas não marcada como pertinente.Este comportamento nos leva a identificar três as estratégias que se enquadram como não pertinentes: Lista de Discussão por meios não informatizados, Estudo de Caso e Júri Simulado.

A outra análise se refere à estratégias não usadas. Ainda numa análise individual, separamos como estratégias não usadas as estratégias que o professores marcaram como conhecidas e/ou como pertinentes, porém não sinalizaram que as utilizam, trazendo a característica do desuso a tona. Com 6 ocorrências, Júri Simulado se destaca. Logo depois dela, com 4 ocorrências, vem Palestrante especializado e Brainstorming.

Essas duas análises anteriores mostraram um resultado interessante e similar: Júri simulado e sinalizada tanto como uma estratégia não pertinente quanto uma estratégia não utilizada.

Com o objetivo de aprofundar os estudos, os dados coletados neste formulário foram analisados a partir da criação de uma tabela contendo as proposições A, B e C. Estas proposições representam, respectivamente, conhece, usou e acha pertinente, como é possível compreender na tabela a seguir:

Ao utilizar conceitos da lógica matemática na construção de uma tabela verdade, foi possível estabelecer relações entre as proposições, como é possível visualizar na tabela verdade criada abaixo:

O objetivo da tabela é facilitar a visualização das combinações das indagações utilizando proposições lógicas e, a partir delas, estudar o comportamento do resultado obtido nos questionários. Essas combinações foram batizadas com nomes de variáveis, uma forma mais didática de representar cada determinada combinação. Os objetos de estudo, neste ponto da análise dos dados, serão as variáveis criadas, como elas se relacionam com as estratégias de ensinagem e o que pode ser obtido a partir do cruzamento dessas combinações com a resposta individual de cada professor sobre as estratégias.

Aplicando a combinações da tabela verdade para as respostas dos docentes para cada uma das estratégias de ensinagem, representado na tabela 4, foram encontradas algumas informações importantes: inicialmente o caso da variável x7 – não conhece, não usou, mas acha pertinente, presente nas respostas para Júri Simulado (22%), Palestrante Especializado (11%) e Estudo de Caso (11%). Consideramos como possibilidade o docente não conhecer previamente, mas achar pertinente ao entrar em contato com a estratégia, o que estaria no escopo dos objetivos do nosso trabalho.

Uma surpreendente achado durante a análise foi o alto número de docentes que conhecem, usam e acham pertinente determinadas estratégias de aprendizagem, como a Aula expositiva dialogada (78%), a Leitura de Texto (67%), a Problematização (67%), os Seminários (78%) e as Aulas práticas (78%). As estratégias que se encaixam nesta variável são de extrema importância pois, a partir da experiência e opinião dos respondentes, elas se provaram eficazes para o contexto da computação. Porém, há de se avaliar também o quanto as estratégias estão sendo efetivamente utilizadas como uma ruptura ao padrão de ensino vigente ou apenas como uma técnica de ensino.

Percebemos também algumas inconsistências, como o número de professores que responderam que não conheciam, mas achavam pertinente e usavam estratégias como o Brainstorm (11%), Mapa Conceitual (22%), Estudo Dirigido (22%), Lista de discussão por meios informatizados (11%), Problematização (22%), Seminários com estudantes (22%), Estudo de Caso (11%) e Júri Simulado (33%). Como usar e achar pertinente estratégias que não conhece? Entendemos que questões como essa demandam estudos complementares (como, por exemplo, entrevistas com os docentes).

Outra questão que merece um aprofundamento são as estratégias que os docentes utilizam, mas não acham pertinentes – Leitura de texto (11%), Aula Expositiva dialogada (22%), Estudo Dirigido (11%) e Problematização (11%). Qual o motivo que leva um docente a utilizar uma estratégia que ele não conhece e não acha pertinente? Perguntas dessa natureza nos remetem a nossa questão inicial, referente à falta de formação pedagógica dos docentes do ensino superior.